"Quanto mais tempo você ficar no trem errado, mais caro é a volta pra casa".
Isso não é sobre trens.
Este é um espaço de expor idéias, desenvolver projetos, discutir, relembrar, entreter-se, rir, chorar, pensar. Aqui você encontrará de assuntos sérios aos mais banais, tratados com bom humor e simplicidade sob a minha ótica, o que necessariamente não quer dizer que sejam verdades absolutas. Divirtam-se.
Já notaram que vivemos num mundo de senhas e códigos?
Desde quando a atividade humana vem mudando para o mundo virtual muitas de nossas ações dependem de senhas e chaves de segurança para serem utilizadas.
Atualmente sem uma senha você não consegue ligar seu celular, não consegue entrar em casa se mora num condomínio, não consegue fazer uma movimentação bancária, não consegue abrir seus aplicativos para gerenciar as mais variadas necessidades do seu dia a dia e pasmem; não consegue nem mesmo assistir um filme na televisão se for por streaming.
Para quase tudo você precisa de uma senha. Em algumas situações precisará de uma palavra chave o que não deixa de ser mais uma senha, ou ainda receberá um código para confirmar a sua senha. É tanta senha que quando acesso algum site ou aplicativo em que o computador ou o celular completa a digitação dela penso: O cara que inventou isso deveria ganhar o prêmio Nobel por facilitar nossas vidas.
Não sei qual metodologia vocês usam para conviver com essas situações. Eu criei a minha, mas mesmo assim, para não confiar na memória já que estou pra lá dos sessenta, fiz um documento aonde constam todos os principais sites e aplicativos que utilizo com as minhas senhas em códigos. Assim, ao menos no caso de algum esquecimento ou confusão tenho onde recorrer. O problema é que esse documento, por garantia e segurança fica guardado sob o segredo de duas senhas. Arrumei mais duas pra minha cabeça. As senhas das senhas.
Na tarde de trabalho todos na empresa preocupados com a resolução de uma negociação envolvendo um terreno bem localizado na cidade e que era de fundamental interesse para construtoras. O problema estava em que o proprietário mora nos Estados Unidos e pedia pelo lote a quantia de um milhão de dólares, com o seguinte detalhe, deveriam ser entregues para ele lá na américa.
Como ele não precisava vender não deu margem para negociação. Conversas e reuniões não encontrávamos uma solução que viabilizasse a operação.
Não teve jeito. A empresa compradora terá que ir até lá e fazer a transferência do dinheiro para o vendedor.
Enquanto isso acontecia, entra na sala um de nossos colaboradores que está programando uma pescaria. Está procurando minhocas para levar. Isso tudo me induziu a uma reflexão. Cada um com seus problemas. Enquanto uns quebram a cabeça para viabilizar uma operação internacional de alto valor; outros estão preocupados com as minhocas para sua pescaria. Cada um com seus problemas.
Apesar de minha experiência no ramo imobiliário tem algumas respostas que não consigo encontrar. Recentemente passei trabalhar com imóveis de alto padrão. Devo confessar que a mudança foi uma decisão acertada. Tem mais a ver comigo, porém, devo confessar, uma resposta ainda não encontrei.
Certas negociações atendo grandes empresários de onde sabidamente vem o capital que eles investem em seus imóveis. Casas e apartamentos com valores estratosféricos. Até aí tudo certo. A dúvida está naqueles compradores que não sabemos a origem de suas fortunas, para, por exemplo, comprarem um imóvel de quatro milhões de reais.
Vou falar pra vocês. Não é pouca gente. Só encontrei uma explicação.
Certa vez ouvi de um amigo apaixonado por carros e que tinha um carrão que ele fazia troca constante de carros sempre buscando carros mais carros do que tinha.
E acreditem; a valorização imobiliária favorece esse tipo de cliente que está constantemente mudando de residência. É só uma questão de saber a hora de comprar e de vender; e, principalmente não ter medo de fazer a mudança. Seria algo como não temer o risco de por sua família pra morar na rua.
É baseado nestes clientes que indústria da construção civil se sustenta, afinal, se um condomínio tem trinta apartamentos, digamos que apenas cinco serão de clientes com lastro financeiro. Os outros vinte e cinco serão do mercado que estou falando.
Almoço fora de casa quase todos os dias da semana. Nesse período longo que faço isso fiz um roteiro pessoal de restaurantes que me atendem. Tudo indica que um dia lançarei um guia de restaurantes triviais do Renato. Já imaginaram que chic?
Nessas andanças gastronômicas criei o hábito de prestigiar restaurantes que atendam minhas expectativas por preferências semelhantes as que tinha em casa.
Eu adoro comer coisas que a maioria das pessoas tem “nojinho”. Gosto de bucho, fígado, língua, rabada, joelho de porco, enfim não sou reticente a quase nada.
Essa particularidade eu chamo de “comer porcaria”. E tem alguns lugares que são ótimos em servir estas porcarias. Assim, quem me ouve falando que estou indo comer porcaria pode avaliar que sou meio louco.
Um dos restaurantes que me atendem neste quesito pertence a três senhoras já com idade. Local que chamo de restaurante das velhinhas. Então, como sabem os mais chegados na terça feira é dia de comer porcaria no restaurante das velhinhas.
Que fique entre nós.
Na época em que minha mãe teve restaurante na praia, falo da década de setenta e oitenta, portanto no século passado, eram frequentadores comuns dois dos principais colunistas sociais de Curitiba. Pra quem não sabe coluna social era uma parte dos jornais impressos que cuidava das atividades da “alta” sociedade. Sendo bem claro, exposição da vida alheia.
Esses colunistas o Dino Almeida e o Khalil Simões eram habitues do restaurante porque lá era mais fácil encontrar as famílias que estavam veraneando. Desse trabalho saiam noticias como festas, aniversários, encontros e o que mais o povo gostava de saber; separações.
Quando pintava burburinho de alguma separação entre os bacanas os colunistas ficavam alvoroçados. Queriam saber os porquês, as razões. E se fosse o motivo uma traição era o máximo para vender jornal.
Baseado nesta minha vivência, atualmente costumo comentar que se este ou aquele fato tivesse ocorrido lá no passado seria notícia bombástica para as colunas sociais. Fato que aquilo que atualmente não surpreende e ninguém dá a mínima, no passado era babado para muitos comentários e fofocas. Sinal de que a sociedade evolui e o que outrora era escândalo hoje é normal.