Certa vez me disseram que existem dois espaços populares perfeitamente democráticos, especificamente, àqueles em que o rico pode conviver ombro a ombro com o pobre. São eles os estádios de futebol e as praias.
Agora, visualize a seguinte cena: Domingo de praia, na que frequentamos, notamos chegar um casal e sua filha. Após montarem sua tenda, a jovem senhora espraia-se ao sol, a filha vai fazer alguma coisa no celular (esperar o quê?); o marido, soberbo abre a caixa térmica, tira uma garrafa de champanhe e duas taças. Com cerimônia abre a bebida, serve-a, brinda com a esposa e senta-se a contemplar a paisagem maviosa das praias de São Chico.
Não demora muito, logo à sua frente, outra família, espremida em seu guarda sol toma cerveja, aquela alojada numa caixa de isopor clássica repleta de latinhas. No meio das pessoas, protegida à sombra vimos uma caixa de som tipo “Bombox”. Então, uma senhora levanta-se e da o play. Começa tocar um ritmo que identificamos como sendo o que popularmente chamam de “passinho”. Essa senhora puxa seu marido e ambos começam a dançar em sincronia na areia, algo que mais parecia ser uma dança tribal, melhor, um ritual de acasalamento das galinhas de Angola.
Viro pro lado e indago: O que dizer no Face? Na nossa praia tomamos champanhe na areia. Ou na nossa praia dançamos “passinho” na areia?
O dia estava lindo a água estava clara, morna e tudo bem entre as partes. Cada um na sua e a classe média só observando.