Minha mãe aprendeu a dirigir muito tarde, quase com
cincoenta e cinco anos. Seus reflexos já não eram muito bons, mas mesmo assim
ela se dedicou e conseguiu depois de algumas tentativas tirar a sonhada carteira.
Depois disto feito precisou comprar um carro, e então foi na extinta revenda
Voupar e comprou o seu primeiro fusca, que devido ao seu sotaque italiano
chamava carinhosamente de “Fucón” e com ele escreveu lindas estórias. Algumas
delas vou relembrar.
A primeira que tenho lembrança é a respeito da relação de
minha mãe com os para lamas do fusca, o que lhe valeu o apelido de mulher dos
para lamas.
Não foi fácil para ela tirar sua carteira de motorista. Contava
com o empecilho da idade, a diferença de idioma uma vez que o português ela só
aprendeu falando e manteve seu sotaque e suas próprias dificuldades. Lembro que
ela precisou fazer várias vezes os exames exigidos na época pelo Detran, numa
das vezes que reprovou no exame teórico foi porque confundiu a placa que mostrava
a passagem de escolares com cegos na pista, ela havia entendido que uma criança
sendo maior do que a outra pareciam-se com um cego e seu guia. E assim de
reprovação e de acerto ela tirou sua carteira.
É óbvio que tirar a carteira é uma coisa e dirigir no
trânsito é outra, mesmo que estivéssemos na Curitiba de 1970. Comprou seu
fusca, e graças a Deus, fez um seguro, foi para as ruas. E assim como para
obter sua carteira de erros e acertos foi aprendendo a dirigir tirando lascas
dos outros veículos que circulavam pela cidade. Lembro que chegou a média de
ter uma ralada por semana o que lhe valeu na concessionária o apelido de Mulher
do Para Lamas.
E assim começou a Dona Pina sua vida de motorista, o pobre
fusca servia para ir ao Mercado Municipal e de lá retornava com sacos de
batata, caixas de tomate e verduras sem fim. E com o seu Fucón escreveu lindas e
divertidas estórias.
#estórias
#renatodeluca
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