Páginas

domingo, 12 de maio de 2013

Olhando para cima.


Como sabem eu e minha mãe morávamos no mesmo prédio. Sempre acordei cedo, um hábito que desenvolvi por conta de vários compromissos. À medida que minha mãe foi envelhecendo fui desenvolvendo uma maneira de saber como andava a sua saúde.
O seu estado era demonstrado pela cortina de seu quarto. Se tudo estava bem as cortinas apareciam abertas e podia ver a figura de mamãe acenando caso estivesse saindo de casa. Ao contrário se as cortinas aparecessem fechadas algo não estava bem e logo tomávamos alguma ação para corrigir sua insulina, medir sua pressão ou quem sabe marcar uma consulta com algum de seus médicos. Foi assim nos últimos anos de sua vida.
Algo que parece tão ingênuo, mas que marcou muito minha vida principalmente depois que minha mãe faleceu tornou-se esta cortina. Traumatizado pela perda não conseguia ver a janela de seu quarto sempre com as cortinas fechadas, tanto que pedi para minha filha que as abrisse sempre que possível de tal maneira que pudesse amenizar a saudades, pois as cortinas cerradas estavam a me dizer: “Ela não esta mais aqui”.
Aflito, não estava mais conseguindo sair de casa sem antes olhar para a janela de seu quarto. Todas as noites antes de dormir em minhas orações comecei a questionar até quando passaria por esta situação que apertava meu coração.
Orar é conversar com Deus, alguém dúvida?
Foram muitas noites de infindáveis porquês.
Enfim um certo dia apareceu uma resposta. Esta resposta veio em forma de frase lacônica: “Olhe mais para cima”.
Como assim “olhe mais para cima”? Acima da janela do quarto de minha mãe tem a janela do quarto de meu filho Luciano. Não entendi.
Esta interjeição continuou vindo: “Olhe mais para cima”. Como olhar para cima se acima da janela do quarto de meu filho tem o telhado do edifício? O que teria o telhado como resposta aos meus questionamentos?
“Olhe mais para cima”. Levantei ainda mais o olhar e vi que acima do telhado tem o céu. O céu local de repouso daqueles que estão ao lado de Deus. Entendi que a partir de então não deveria olhar mais para a janela do quarto de mamãe esperando encontra-la como sempre fazia. Eu a partir de então comecei a olhar para o céu que é sua nova morada. E que boa revelação, não preciso estar a frente de sua janela para sentir sua presença, aonde quer que esteja se busco um alento olho para o céu. E ao fazer isto vejo seu sorriso meigo de mãe tal qual o sorriso e o aceno que me dava da sua janela.
Mãe! Mesmo com tua ausência, olhando para o céu agora te desejo: Feliz dias das mães!
Feliz dia das mães para todas as mães.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.