Certa vez uma consultora me falou que uma apresentação
positiva de seu histórico profissional tem que ser feita objetivamente. Algo como
entrar num elevador e ter que falar para um amigo o que ocorreu nos últimos anos
em sua vida; isto no tempo que ele leva para o elevador ir do térreo ao segundo
andar.
A letra da música de Chico Buarque, Sinal Fechado, replica
mais ou menos a mesma situação. Como se dois amigos ou um ex-casal se
encontrassem na rua e no tempo de um sinal fechado tentassem dizer alguma coisa
antes que o sinal mudasse do vermelho para o verde.
É angustiante. Leia a letra e se puder ouça a música. Note que
existe uma urgência na apresentação, assim como temos urgências em nossas vidas
e não damos tempo para nossos relacionamentos.
Sinal Fechado
- Olá! Como vai?
- Tudo bem! Eu vou indo, correndo pegar meu lugar no futuro… E
você?
- Tudo bem! Eu vou indo, em busca de um sono tranquilo… Quem sabe?
- Quanto tempo!
- Pois é, quanto tempo!
- Me perdoe a pressa, é a alma dos nossos negócios!
- Qual, não tem de quê! Eu também só ando a cem!
- Quando é que você telefona? Precisamos nos ver por aí!
- Pra semana, prometo, talvez nos vejamos… Quem sabe?
- Quanto tempo!
- Pois é… Quanto tempo!
- Tanta coisa que eu tinha a dizer, mas eu sumi na poeira das
ruas...
- Eu também tenho algo a dizer, mas me foge à lembrança!
- Por favor, telefone! Eu preciso beber alguma coisa,
rapidamente…
- Pra semana…
- O sinal…
- Eu procuro você…
- Vai abrir, vai abrir…
- Eu prometo, não esqueço, não esqueço…
- Por favor, não esqueça, não esqueça…
- Adeus!
- Adeus!
- Adeus!
Li cantando! Amo esta música. Lembro-me quando nova, nas rodinhas de samba um amigo sempre a tocava no violão e com uma segunda voz cantavam.
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