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quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

A foto que não tirei

Sempre que posso, depois de correr, sento num banco do parque e faço uma meditação que por sinal me faz muito bem. Quando voltei do transe, em outro banco a minha frente havia um casal, aparentando ter mais de sessenta anos cada um imaginei que a relação deles deveria ter feito, pelo menos, bodas de ouro. Ela estava sentada em um canto e ele que havia chegado da caminhada estirou-se a seu lado.
Determinado momento em total conjunção com a manha fresca no parque algo aconteceu. Ele se levanta e toma lugar ao lado da companheira, bem no canto do banco, deixando um equilíbrio fotográfico perfeito. Um banco, um casal sentado num dos cantos, um lago ao fundo e uma árvore emoldurando tudo.
Não estava perfeito e então o casal se abraça, ela recosta sua cabeça no contorno de seu pescoço e só. Não precisava ter um leitor de mentes para entender o que estava passando por suas cabeças naquele momento singular.  Um gesto que vale por mil palavras, mais uma declaração entre eles, um agradecimento quem sabe. Não precisou de um beijo novelesco, ou uma postura insinuante para chamar a atenção. Chamou a atenção pela singeleza, pela pureza e pelo significado de um simples e terno abraço.

Pena que não estava minha máquina a postos, teria sido uma bela imagem. E se tivesse que dar um nome para a cena seria: Ah o amor!

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