Tinha já uma certa idade, mantinha o corte do cabelo estilo moderno, chanel com pontas, a tiracolo sempre levava sua bolsa, estilo riponga adormecida. Todas as vezes que a encontrei estava só. Sentava à mesa, pedia uma água e esperava.
Aí daqueles que ousassem se aproximar e provocar uma conversa; desfazia. Convite para dançar; recusava. O argumento era sempre o mesmo: "Estou esperando meu namorado". Diante da insistência do pretendente, mostrava um anelzinho em um dos dos dedos da mão.
Passava sempre algum tempo; como se ela sempre chegasse no horário e ele sempre estivesse atrasado. Mais de hora depois ele chegava. E por ter chegado o seu sorriso florescia, surgia na outrora carranca uma expressão doce, daquelas que tem apenas as pessoas que amam verdadeiramente.
Ele, de meia idade, trazia no semblante a lembrança de um homem decidido, bem sucedido, bonito. E ao encontra-la mantinha-se assim, sóbrio, enquanto ela derretia-se de amor. A medida que o tempo passava, aquele encontro fortuito esquentava como se fosse necessário aproveitar cada minuto daquele tempo que parecia fluir por entre os dedos. Urgia amar.
Não distante do momento do adeus, seu semblante entristecia-se, fechava-se novamente e tudo terminava naquela noite de agonia, felicidade e dor.
Ela amava um homem casado.
(Isso é uma obra de ficção)
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