Perdi meu pai quando era muito pequeno, tinha oito anos
então e ele cincoenta e um. Depois disto a vida foi passando e eu desenvolvi na
minha cabeça a ideia de que morreria também com a mesma idade de meu pai. Puro medo.
Lembro que literalmente “me cagava” só de pensar em chegar aos cincoenta anos.
Hoje, às vésperas de completar cincoenta e três anos, fiz um
balanço a respeito de mim mesmo. Cheguei a conclusões muito otimistas, aliás, o
que efetivamente sou. Pode ser que morra ao dar o comando publicar este texto,
sabe-se lá o que Deus tem reservado para nós, porém analisando em termos de
saúde física, mental e emocional posso dizer que estou muito bem.
Quando olho para o número “53” confesso que dá um frio na
barriga, sinceramente ainda me surpreendo quando me tratam por “senhor”, afinal
eu me sinto tão bem que soa quase como uma indelicadeza. Por outro lado, com
astucia dá para tirar proveito do respeito que os sinais do tempo passado nos dá.
Penso muito na idade cronológica quando estou correndo. Penso
em quantas pessoas não fazem fisicamente o que tenho feito. Correr, pedalar,
academia. E tudo se torna um ciclo vicioso, ou seja, pratico cada vez mais
esporte por não ter vontade nenhuma de me ver aposentado de meus exercícios. Tomara
continue assim por um longo tempo ainda. Vício que só faz bem.
Outra coisa que posso falar do alto de meus cincoenta e
poucos anos é do equilíbrio emocional e do conhecimento. Nunca experimentei em
minha vida, em que pesem os problemas comuns a todos nós, dias tão sensatos,
faz anos que não sei o que é o desgaste de uma discussão, de uma briga. Os filhos
cresceram, tornaram-se adultos e acho que eu também. Tenho convivido com uma
mulher maravilhosa, equilibrada que soube acalmar meu coração e passou a me
ensinar outra maneira de viver uma relação afetiva. Não é a toa que ela é
professora. Acho que aprendi, mas quem pode dizer isto não é o aluno é a
professora.
Quanto ao conhecimento é outro detalhe interessante. Certa vez
ouvi dizer que o jogador de futebol quando fica velho joga com a inteligência,
ou seja, ele não faz tanto esforço porque conhece os atalhos das jogadas e do
campo. Pois vejam que tem muito fundamento isto. Não jogo bola, mas o
conhecimento e a experiência adquirida me permitem ter uma visão abrangente do
mundo e da vida. Você nota que esta neste estágio quando as pessoas começam a
te ouvir mais, você vira conselheiro. Uma espécie de ancião da tribo.
Para terminar, a você que é mais jovem, dou meu conselho: A essência
de viver bem esta no sentimento positivo, nas relações, no amor e no se doar. Porém
nada disto existirá se não houver uma existência, um corpo físico. Portanto cuide
de ambos. Do físico e do espírito.
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