- “Senhor! Posso tirar uma foto sua com os cataventos ao fundo?”
- “Ih! Lá vem mais um querendo me fotografar. Não. Já estiveram aqui até uns japoneses querendo me fotografar e eu não deixei. Que tanto querem me fotografar. Já estou velho e feio. Não.”
Apesar de sua negativa e seus argumentos não deixou de ser simpático. Tomei como desafio e em minha conversa interior dizia: “Eu vou te fotografar”.
Coloquei em ação minha estratégia. Guardei a máquina sentei na mureta do parquinho e começamos a conversar. O fiz falar, desde sua juventude até os dias atuais. Inquérito. Não. Conversa agradável.
Passamos mais de vinte minutos na prosa, até que simulando ir embora soltei o derradeiro clamor: “Será que depois de tantas lembranças agradáveis o senhor vai me deixar tirar uma foto sua?”
Consentiu. Desde que depois volte para lhe dar uma cópia impressa dela.
Amigos esta é a estória pro trás da imagem. A imagem é esta. A tão cobiçada foto do Senhor Fabiano, o vendedor de cataventos. Setenta e três anos, mineiro, quatro safenas, uma cirurgia para retirada de um aneurisma, uma prótese femoral que o obriga a andar de muletas, nascido em Uberlândia, Minas Gerais, serviu exército no Rio de Janeiro, veio parar em Curitiba aonde fez carteira de motorista profissional e foi trabalhar por trinta anos e seis meses na Viação Glória fazendo a linha do Pinheirinho. Amasiado, tem um filho de trinta e sete anos. Aposentado da boleia hoje vende brinquedos no parquinho do Parque da Barreirinha. Os cataventos ele mês faz, são em papel metálico e não amassam. Os outros brinquedos compra na Rua 25 de março em São Paulo onde os preços são muito mais em conta. Um ioiô que aqui custa um real e cincoenta centavos lá ele paga setenta centavos. Não paga passagem para viajar pois a lei do idoso lhe dá esta vantagem.
Ganhei a foto e ganhei um amigo. Valeu!
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