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quinta-feira, 22 de novembro de 2018

A gente morre

Não é meu, mas adoraria ter escrito...

A GENTE MORRE e fica tudo aí,
os planos a longo prazo e as tarefas de casa,
as dívidas com o banco,
as parcelas do carro novo que a gente comprou pra ter status.
A GENTE MORRE sem sequer guardar as comidas na geladeira,
tudo apodrece, a roupa fica no varal.
A GENTE MORRE, se dissolve e some toda a importância que pensávamos que tínhamos,
a vida continua, as pessoas superam e seguem suas rotinas normalmente.


A GENTE MORRE e todos os grandes problemas que achávamos que tínhamos se transformam em um imenso vazio, não existem problemas.
Os problemas moram dentro de nós.
As coisas têm a energia que colocamos nelas e exercem em nós a influência que permitimos.

A GENTE MORRE e o mundo continua caótico, como se a nossa presença ou ausência não fizesse a menor diferença.
Na verdade, não faz.
Somos pequenos, porém, prepotentes. Vivemos nos esquecendo de que a morte anda sempre à espreita.

A GENTE MORRE, pois é.
É bem assim: Piscou, morreu.
O cachorro é doado e se apega aos novos donos.

Os viúvos se casam novamente, fazem sexo, andam de mãos dadas e vão ao cinema.

A GENTE MORRE e somos rapidamente substituídos no cargo que ocupávamos na empresa.

As coisas que sequer emprestávamos são doadas, algumas jogadas fora.

Quando menos se espera, A GENTE MORRE. Aliás, quem espera morrer?
Se a gente esperasse pela morte, talvez a gente vivesse melhor.
Talvez a gente colocasse nossa melhor roupa hoje, fizesse amor hoje,
talvez a gente comesse a sobremesa antes do almoço.
Talvez a gente esperasse menos dos outros,
se a gente esperasse pela morte, talvez a gente perdoasse mais, risse mais,
saísse a tarde para ver o mar, talvez a gente quisesse mais tempo e menos dinheiro.

Quem sabe, a gente entendesse que não vale a pena se entristecer com as coisas banais,
ouvisse mais música e dançasse mesmo sem saber.

O tempo voa.
A partir do momento que a gente nasce,
começa a viagem veloz com destino ao fim - e ainda há aqueles que vivem com pressa!
Sem se dar o presente de reparar que cada dia a mais é um dia a menos, porque A GENTE MORRE o tempo todo, aos poucos e um pouco mais a cada segundo que passa.

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