Enquanto realizava alguns contatos para os próximos trabalhos ouvi uma voz chamando meu sogro lá de fora da casa. A voz sôfrega insistia: “Bube! Bube!”
Saí para atender. Era o amigo dele, um senhorzinho de 82 anos, barbeiro aposentado que mora aqui próximo.
Este senhor tem uma particularidade que eu adoro. É atleticano fanático, confesso que me vejo assim como ele daqui uns anos. Sempre que pode está vestido com a camisa do clube e um boné que demos de presente a ele.
Queria conversar com meu sogro e na sua ausência fui ouvi-lo.
Disse que estava ali para se despedir pois na segunda feira muda-se para Jaraguá para ter o atendimento das filhas que passarão a cuidar dos pais idosos. Quando falei que meu sogro não estava e só retornaria final da outra semana começou a chorar. Queria despedir-se de seu melhor amigo.
Entendi aquele choro que me cortou o coração, afinal ele sabe que na sua idade cada despedida pode ser a última. Ainda mais de um amigo que nos últimos anos tinha sido seu contato diário para falar de uma paixão em comum, o time de futebol que ambos amam. Subitamente peguei meu celular e fiz uma chamada de vídeo para meu sogro, aliás o único tipo de chamada que ele sabe atender. Foi emocionante presenciar este encontro; dois senhores às lagrimas se despedindo. Aí quem chorou fui eu. Aprendi que na cabeça das pessoas desta geração a saudade tem um peso muito maior que nas gerações mais jovens.
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