Eu ainda era pequeno quando perdi meu pai. Logo após o
ocorrido estava na casa de minha irmã, ficava num prédio ali na Alameda Augusto
Stellfeld. Não consigo precisar porque naquela noite de sábado atravessei a rua
e fui participar de um aniversário de alguém que minha irmã conhecia. Era a festa de
algum adolescente, um pouco acima de minha idade que tinha então apenas oito
anos.
Se me lembro bem uma festa de aniversario dos anos sessenta não
era muito diferente das festas de hoje, mudava apenas a tecnologia. Tinha salgadinho,
canudinho de maionese e brigadeiro. Num canto qualquer da sala uma vitrolinha e
alguns discos da época.
Em algum lugar da casa uns pares começaram a se formar e
foram dançar. Alguém teve a ideia de apagar a luz e a intimidade rolou. Pequeno,
gordinho, de óculos nada me restou a não ser apreciar o que acontecia. Caminhando
pela casa atrás de algum docinho ao fundo do corredor pela primeira vez presenciei
uma cena de beijo na boca. Fiquei paralisado. Era algo que no meu imaginário não
passava das cenas em filmes. Que curiosidade despertou.
Foi ali, naquele exato momento que despertou em mim o
interesse por mulher. Passaram-se anos até que um dia eu desse o primeiro beijo
pra valer. O primeiro beijo a gente nunca esquece, pois olhe que o primeiro
beijo que dei já nem lembro em quem foi, mas o primeiro beijo que presenciei
jamais esquecerei.
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