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segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Meu Habitat - Hospital Geral do Exército


O Hospital Geral do Exército guarda o privilégio de ser umas das raras áreas próximas ao centro da cidade que ainda não foram urbanizadas. Deve valer um dinheirão. Aguardo o dia em que se transforme num gigantesco empreendimento imobiliário e creio que não esta longe.

O glorioso Exercito Brasileiro (“Braço forte, mão amiga”) subutiliza a unidade, mesmo porque não recrutam mais o mesmo número de soldados para o serviço militar fato que justificava a utilização do HGE- 5ª Região como é conhecido. Hoje é muito usado como serviço ambulatorial para seus aposentados, esta cheio de general de pijamas pelas redondezas, e alguma cirurgias não muito grandes ainda são realizadas ali.


Falando em cirurgia, pelos idos de 1974, moravam aqui no prédio dois oficiais médicos. Eu, que já era um hominho, precisava fazer uma cirurgia. Como direi, num local íntimo, precisava fazer a circuncisão, ta é melhor assim, mas eu não sou judeu (que pena). Minha mãe como boa negociante trocou a operação por aluguéis. E lá fui eu ser operado no HGE. Feito o procedimento, no dia seguinte deveria ir fazer um curativo com determinada enfermeira. E eu fui. Só que a singela enfermeira era profissional do exercito, amigos. Imaginem a delicadeza com que fui tratado. Fiz um só curativo e ela deve estar me esperando até hoje para tirar os pontos. Este bravo civil fez tudo em casa, com carinho, a enfermeira não levava em consideração o lema da instituição: “Braço forte, mão amiga”, ao contrário o braço era forte e a mão mais forte ainda.
Em toda esta vida que moro em frente ao HGE posso dizer que só foi disparado um tiro apenas. Certa vez um vigia do posto de guarda atirou em seus colegas que voltavam da festa pulando o muro lateral.


O hospital tem traços de seus comandantes em sua administração, havia um que adorava exercícios matinais, então era possível ver todos os subalternos cedinho correndo pelas ruas internas. Outro descobriu como explorar espaço comercial na esquina onde hoje tem uma placa publicitária que de certo remete lucros para o Ministério do Exército (sic!). O atual comandante adora fazer costela de chão, pelo menos uma vez ao mês seus subordinados atracam-se em luta mortífera com as peças do poderoso ruminante despedaçado e espetado sobre a lenha que queima derramando seu cheiro em todos os bairros próximos como um ataque de gás químico a enlouquecer os inimigos.

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