Revirando velhos papéis encontrei algumas raridades. Um convite da festa de meu quinto aniversário. Boletins escolares dos filhos, diplomas de conclusão de alguns cursos e uma carta muito especial.
A carta, talvez a única e ultima que meu pai escreveu para mim. No ano de sessenta e oito eu e minha mãe fomos para Itália visitar familiares, quando voltamos já não encontramos mais meu pai vivo, um infarto fulminante o matou.
Na carta uma expressão de carinho destinada ao “pequeno Renato”, carinhosamente chamado de “Renatinho”, algumas coisas doces que um pai poderia dizer para um filho eu puxão de orelhas. Estava eu aprontando algumas para minha mãe lá do outro lado do mundo.
A morte de meu pai foi a primeira e maior experiência de perda que tive na vida, sinceramente em auto analise não consegui até hoje definir qual o impacto deste fato na minha formação. Fato que estamos aí “normalzinho”, pelo menos assim penso.
Pode parecer uma carta bobinha, mas esta carta tem o peso de um documento histórico para mim, como se fosse o original da bíblia, se possível fosse resgatá-la. Leio e releio o documento e cada vez encontro algo diferente nela, alguma coisa que me fortalece, faz me encontrar comigo mesmo.
Meu velho era italiano, escrevia português com certa dificuldade, não podemos considerar a gramática em suas linhas, porém eu que o conheci, pouco é verdade, mas marcante, consigo lendo a carta, ouvir sua voz e sentir seu sotaque característico. Inesquecível.
Digitalizei o documento e publico abaixo, uma forma de perpetuar ainda mais a importância que este simples pedaço de papel tem para mim.
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